Jefferson é o que chamamos de camarada de luta. Formou-se a partir das contradições sociais vividas por um estudante de letras, posteriormente professor e escritor.
Sua obra, marcada por seis livros de poesia, encontra-se vibrante.
Caso queira ler o início da conversa, fizemos a transcrição com auxílio de IA:
Vamos lá, pessoal! Beleza? Boa tarde! Sou Eduardo Kawamura e estamos aqui na editora Versos em Cantos para bater um papo com o meu grande camarada Jefferson Santana. É uma honra tê-lo aqui para lançar o livro “Entre Utopias e Miopias”, que já está circulando e é a sexta obra literária dele. A ideia hoje é conversar um pouco sobre esse livro e também explorar um pouco de sua trajetória.
Para começar, Jefferson, fale um pouco sobre você, sua história e os livros que trouxe para a nossa conversa.
Jefferson: Claro, pessoal! Sou o Jefferson Santana, considero-me um poeta e autor de seis obras poéticas. Além disso, sou professor na rede pública estadual e atuo como agitador cultural, sempre promovendo e divulgando a literatura em diversos espaços. Como corintiano, tenho uma ligação especial com o Corinthians, sendo tema de um poema no meu livro. Sou do Jardim Ângela, o extremo sul da cidade, e acho que a zona leste, onde estamos hoje, tem muitas semelhanças com a minha região. Embora eu tenha crescido na zona sul, gosto de destacar minhas raízes no Jardim Ângela e mostrar que podemos ser mais do que as notícias de jornais nos retratam.
Eduardo: Realmente, é interessante como a cidade de São Paulo tem extremos tão diferentes. Vamos falar um pouco sobre seus livros. Você poderia nos contar sobre o seu primeiro livro e como foi essa experiência de publicá-lo quando ainda era jovem e estudante universitário?
Jefferson: Claro, meu primeiro livro foi “Cantos e Desencantos de um Guerreiro”. Muita gente acha que sou eu na capa, mas não sou. Ele foi publicado pela Editora Scorch quando eu já estava cursando Letras, aos 22 anos em 2011. Na verdade, esse livro é quase uma antologia do que eu escrevia antes de entrar na faculdade. Eu escrevo poesia desde os 13 anos e tinha vários cadernos com meus poemas, mas nunca achei que publicar um livro fosse acessível. A descoberta da Cooperifa me mostrou que era possível, e foi quando decidi publicá-lo. A faculdade só começou a me acolher mais tarde, quando eu já estava fazendo meu TCC sobre literatura periférica. Este livro é uma parte importante da minha jornada.
Eduardo: Naquela época, você já estava envolvido nos movimentos literários e de sarau em São Paulo, especialmente na zona sul. Como você vê o papel desses movimentos na formação de jovens e na denúncia de questões raciais?
Jefferson: Os movimentos de sarau foram vitais na formação de muitos jovens, especialmente quando se tratava de refletir sobre questões raciais. Eles forneceram um espaço onde os jovens podiam expressar suas ideias e denunciar questões que afetavam suas vidas, como a violência policial. Naquela época, a violência policial era invisível e fatal, então os saraus se tornaram um local para denunciar e resistir. Além disso, esses movimentos ajudaram a abrir portas nas escolas para os escritores da periferia. O sarau foi um dos primeiros espaços onde as pessoas negras puderam ter um microfone para serem ouvidas, o que foi fundamental em um tempo sem redes sociais.
Eduardo: Concordo, os saraus desempenharam um papel importante na construção da identidade e na denúncia de questões raciais. Eles se tornaram espaços de resistência e expressão. É interessante como esses movimentos de literatura periférica e marginal evoluíram ao longo do tempo.
Jefferson: Sim, esses movimentos evoluíram e se tornaram uma parte essencial da cena literária independente. Hoje, preferimos empregar o termo “literatura independente” para abranger todos esses aspectos. No final das contas, o mais importante é que se trata de literatura, independentemente do nome que damos a ela.