Adeus, guri. Em memória a Paulo José

Adeus, guri. Em memória a Paulo José

Por Eliakim Oliveira

Morreu um gênio. Meu ator preferido. No teatro, foi mãe de Macunaíma e Macunaíma branco (dizia: “Meu nariz de frente é de negro, de perfil é de branco”). No cinema, foi Casy Jones, o magnífico sedutor, arrancando risos ao lado da belíssima Sandra Brea (cujos seios e bunda aparecem!). Foi esse papel que o tornou aquilo que não sonhara ser: um galã. Conseguiu, no entanto (tal como Anselmo Duarte, outro gênio), superar a categoria, muita vez difícil para o ator do intelecto: tinha sido o padre, em ‘O Padre e a moça’, seria, depois, Policarpo Quaresma, e também dirigiria, escreveria e tudo mais. Compreendeu, como ninguém, o cinema e o teatro. Até a novela, é verdade. Reza a lenda que quando ia dirigir uma peça, chegava ao ator, com uma pilha de livros, e dizia: “Guri, antes de começar o ensaio, leia tudo isto aqui”. Paulo valorizava a investigação da coisa, o aprofundamento. O Parkinson não o venceu, em absoluto. Ele reinventou o Parkinson: “doença degenerativa, progressiva, irreversível”. Como ele costumava dizer: “todos sofremos dessa doença: é a vida”. E não é mesmo? Viver não é o “ser para a morte”, no ritmo da curva, da quebra, do ganho e da perda, progressiva e irreversivelmente? O Parkinson, meus caros, era também parte da investigação do gênio. Evoé, Paulo! E obrigado.

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